Quanta gente veio me ver!!!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Who I am ?





Passei a vida fugindo de criticas e julgamento, tentando viver independente ao que a sociedade impunha, sempre bloqueei qualquer aproximação pessoal por medo de não ser o produto aceitável que o outro via em mim, inventei uma vida que pudesse viver isoladamente, separei me de qualquer contacto que me pudesse lembrar a mentira que eu estava vivendo, e que denunciasse aos outros, que eu não era o que eles conheciam de mim.
Inventei gostos, hábitos, pulei de actividade em actividade, de lugar em lugar, me mudei muitas vezes pois houve momentos em que não fui capaz de manter uma historia coerente, obtive muitas vantagens desse estilo de vida, conheci muitas pessoas, vivi aventuras, consegui algumas vantagens materiais também, ate obtive prazer em me camuflar, em saber sem que deixassem os outros saberem, estive muitas vezes em uma posição intelectual superior, pude julgar muitas vezes com mais exactidão o carácter de uma pessoa, muitas vezes a conhecia  mais que ela própria. 
Consegui viver muito tempo confortável com essa ideia, até que um dia algo em mim mudou inesperadamente, uma presença que eu tinha evitado durante muito tempo, que tinha conseguido manter distante, mas  de repente não pode mais ser impedida, chegou  de repente e me fez ver que não era possível sustentar essa vida, sempre me escondendo e me inventando.
  O que me fez mudar foi a solidão,foi algo tão intenso que senti como que dilacerar minha alma, pois apesar de ter muitas pessoas ao meu lado, nenhuma me conhecia, e se não me conheciam, não estavam ao meu lado, estavam ao lado de alguém que não existia, e eu senti neste momento que  não existia, deixei de existir quando num determinado momento da minha vida resolvi  criar uma nova identidade mas, dei comigo a descobrir de repente que já não tinha mais identidade, não tinha amigos, não tinha amor, tudo que tive durante a vida foi companhias, assim como quem faz uma viagem num ónibus e senta-se ao lado de uma pessoa por algum tempo pra no fim da viagem, cada um seguir um caminho sem deixar nada pra traz, por que o que eu deixarei na memoria do outro não será o que realmente eu sou, ela não se recordará de mim, ela não gostara de mim e sim de algo que inventei.
Por algum tempo julguei não me importar ser lembrado ou querido por ninguém, achava que era superior a esses sentimentos mas, descobri que me importava, e  me importava muito, pois se não que motivo haveria pra fingir, me camuflar, pra tentar ser quem não sou. Descobri  também não dei chance dos outros gostarem de quem sou, e que era doloroso demais passar pela vida sem vive-la, de ter companhias em vez de amigos, não ter quem ame o que você realmente é.
Mas pior que tudo isso,  é descobrir que fugi tanto de quem eu era, que perdi de mim mesmo, que deixei de sê-lo e agora não sei quem sou. Não sei se gosto de uma coisa ou de outra apesar de ter vivido tanto, não absorvi nada pois não tinha interesse em viver.
Não queria me doar a ninguém, pois isso era trabalhoso, isso me traria sofrimento pois cedo ou tarde eu ia me entregar a alguém que iria descobrir que eu não era quem ela queria ao seu lado, por isso fugi, fugi tanto tempo que nao aprendi a amar, hoje sinto necessidade que me amem, mas não sei como trazer esse sentimento sincero pra mim, hoje finalmente descobri que eu próprio não me amava, que não me aceitava, nunca quis mentir, mas não suportava a ideia de ser rejeitado, de não ser querido, de não agradar. 
Hoje eu não sei quem sou, não sei por onde começar, hoje tenho pressa de viver e as pessoas me acham apressado demais, descobri que perdi o compasso da vida, que não sei o ritmo das pessoas, tenho sede demais,fome demais, e não há alimento pra saciar essa fome de amor que tenho, sei que tenho que me adaptar, mas já não é tão simples quanto era, pois eu já não quero fugir, não quero mais me inventar, só que não sei o que  mostrar pois tudo me parece falso demais.
Não tenho o que dividir, o que compartilhar, descobri que quase sempre  não me entenderão, que quase sempre não seria compreendido, que muitas vezes teria que abrir meus sentimentos, e que correria o risco de parecer fraco. 
Mas hoje não me importa mais parecer forte, hoje apenas quero parecer real, mas se não parecer não tem problema, pois intimamente sei que estou sendo o mais transparente que posso. Hoje sei o que quero, sei que quero ser feliz, quero ser feliz sendo eu mesmo, sendo verdadeiro. 
Acho que estou começando a gostar disso...

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